Penso que queria voltar aquele dia. Não pelo que aconteceu, mas pelo que vi.
Estavamos nós dois conversando banalidades sobre coisas sem valor. Então, no meio de uma frase a percebi distante contemplando o nascer do novo dia, então percebi uma gota cintilante escorrer pela sua bochecha, eu a perguntei se estava chorando, e ela tentou desfarçar, então eu abracei, e comecei a sentir sua respiração leve, e as lagrimas molharem a minha camisa.
Aquilo me parecia totalmente fora de contexto, a menina que todos se espelhavam ou invejavam estava ali, totalmente vulneravel.
Eu queria lhe perguntar o porque do choro, mas penso que podia imaginar. Sentia nela uma vida com muitas mentiras para encobrir verdades feias, sentia o quanto era cansativo ser feliz, como era dificil negar ajuda, mas como era ainda mais complicado se abrir, afinal todos sabem que ninguem gosta de exageros sobre coisas com as quais não se sabe lidar muito bem, e sentimentos são sempre complicados.
Pensei em lhe dizer que tudo ia ficar bem, e que ao menos sobre mim ela podia ter certeza, mas não o fiz. Sabia bem que quando a gente tem duvidas demais sobre tudo promessas podem assustar.
Então continuei ali, em silencio, esperando que quando as lagrimas secassem leva-sem com elas um pouquinho do que lhe doia.
Então, quando as lagrimas sessaram e ela olhou pra mim eu não via mais porcelana, eu via verdade, sinceridade, tristeza tambem, mas mais do que tudo eu via ela, de uma forma que eu penso que ninguem jamais vira, despida de todos os ornamentos, sem armadura. E por isso, e não "apesar disso" eu sabia que tudo que eu queria ter estava ali.