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9 de dezembro de 2011

Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou… Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou… Não digo: “estou indo”, não digo: “daqui a pouco”, nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero.                     
                                                        [Autor Desconhecido] 

3 de dezembro de 2011

"E você ainda é o homem mais lindo do mundo. No canto da foto dos amigos bêbados, e você é o homem mais lindo do mundo. Com gorro, no meio da confusão do frio. Escondido embaixo de tanta roupa. No fundo do mar. No escuro. De costas naquela festa chata. Meu Deus, como você é lindo. Não sei direito o que é aurora boreal, mas acho que deve ser algo lindo que se formava enquanto você era feito. Não sei direito o que é isso que eu sinto por você. Mas como é maravilhoso fumar você, cheirar você, tomar você, injetar você. Calar a boca. Me pergunta uma daquelas coisas para eu dar uma daquelas respostas que você morre de rir. Me deixa pirar no seu céu da boca escancarado. Você se joga pra trás. E só porque você e o mundo inteiro tem certeza do quanto você é lindo, você faz questão de sempre se largar no mundo. É a liberdade que só tem quem é infinitamente lindo ou infinitamente feio. Eu sou mais ou menos, mas nesse segundo, já que comprei sua beleza, sou a mulher mais linda do mundo. Me deixa ser linda vestindo você. Outro dia me peguei pensando um absurdo que me fez feliz. É triste, mas me fez feliz. Pensei se isso que você faz, de ficar horas comigo depois de ter ficado horas comigo. Se isso é algum tipo de caridade sua. Porque, veja bem. Somos plantas e pássaros diferentes. Eu sou a bonitinha que lê uns livros e vê uns filmes. Você é essa força absoluta e avassaladora que jamais precisará abrir a boca para impor sua vitória. Você coloca aquele moletom cinza com dizeres do surf e eu experimento um guarda-roupas inteiro pra ficar à sua altura. Você é essa força da natureza que deu certo. E como eu não sou mulher de correr da dor, deixo ela entrar aos pouquinhos, esbugalhar meus sentidos, enfraquecer meu orgulho. Quando vejo, estou calada novamente, ouvindo o que você não diz e vendo o que você não faz . Não existe não morrer um pouco quando você chega."
                                                                                    [Tati Bernardi]

6 de novembro de 2011

“Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro. Mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Foi a inércia do amor que está no ar mas não necessariamente dentro de nós. A gente foi ao cinema, coisa que namorados fazem. Mas amigos fazem também, não? Somos amigos. Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis esquentar a outra. Mas a gente correu pra fazer piadinha sexual disso, como sempre. E a orelha ouviu uma sacanagem qualquer, e a mão se encaixou ali no meio das minhas pernas. Você me chamou de amor ontem, enquanto a gente transava. Eu quis chorar. Mas também quis rir muito da sua cara. Acabei só esquecendo isso. Talvez o “mô” que você murmurou, seja porque no dia anterior, naquela mesma cama, você tenha comido alguma “Mônica”. Prefiro pensar assim. Se eu for muito, mas muito escrota, talvez eu me proteja de me assustar muito. Caso você seja escroto. Eu sendo de pedra não quebro com a sua pedra. Sei lá. Aí teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e me perguntou: não to esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. Eu sempre fui sua. Eu já era sua antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer. Mas a gente combinou que não era amor. Você abriu minha água com gás predileta e meu sabonete de manteiga de cacau. E fuçou todas as minhas gavetas enquanto eu tomava banho. E cheirou meu travesseiro pra saber se ainda tinha seu cheiro. Ou pra tentar lembrar meu cheiro e ver se ele ainda te deixa sem vontade de ir embora. Mas ainda assim, não somos íntimos. Nada disso. Só estamos aqui, reunidos nesse momento, porque temos duas coisas muito simples em comum: nada melhor pra fazer e vontade de fazer sexo. ó isso. É o que está no contrato. E eu assino embaixo. Melhor assim. Muito melhor assim. Tô super bem com tudo isso. Nossa, nunca estive melhor. Mas não faz isso. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo. Não faz o mundo inteiro ficar pequeno só porque o seu chapéu é muito legal. Não deixa eu assim, deslizando pelas paredes do chuveiro de tanto rir porque seu cabelo fica ridículo molhado. Não faz a piada do vampiro só porque você achou que eu estava em dias estranhos. Não transforma assim o mundo em um lugar mais fácil e melhor de se viver. Não faz eu ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso. Combinamos que não era amor e realmente não é. Mas esse algo que é, é realmente muito libertador. Porque quando você está aqui, ou até mesmo na sua ausência, o resto todo vira uma grande comédia. E aquele cara mais novo, e aquele outro mais velho, e aquele outro que escreve, e aquele outro que faz filme, e aquele outro divertido, e aquele outro da festa, e aquele outro amigo daquele outro. E todos aqueles outros viram formiguinhas de nariz vermelho. E eu tenho vontade de ligar pra todos eles e falar: putz, cara, e você acha mesmo que eu gostei de você? Coitado. Adoro como o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira, quando não é você. Porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é não querer tomar banho depois. O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois. O quão sagrado é ver pureza em tudo o que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo. Não é amor não. É mais que isso, é mais que amor. Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre. E eu soquei meu coração até ele diminuir. Só pra você nunca se assustar com o tamanho. E eu tive que me fantasiar de puta, só pra ter você aqui dentro sem medo.Medo de destruir mais uma vez esse amor tão santo, tão virgem. E eu vou continuar me fantasiando de não amor, só pra você poder me vestir e sair por aí com sua casca de não amor. E eu vou rir quando você me contar das suas meninas, e eu vou continuar dizendo “bonito carro, boa balada, boa idéia, bonita cor, bonito sapato”. E eu vou continuar sendo só daqui pra fora. Porque no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: NÃO EXISTE NINGUÉM AQUI DENTRO. Mas quando, de vez em quando, o seu ninguém colocar ali, meio sem querer, a mão no meu joelho, só para me enganar que você é meu dono. Só para enganar o cara da mesa ao lado que você é meu dono. Eu vou deixar. Vai que um dia você acredita.”
(Tati Bernardi)

27 de outubro de 2011

"Cuide-se, meu bem. Preencha seu pote com alegria até transbordar, e partilhe com quem nada tem. Dance sozinho na calçada ao som de uma melodia qualquer em que o refrão diga que a vida é agora e não podemos deixá-la esperar. Vá ao parque com alegria de criança e brinque com a grama, alimente os pombos e tome sorvete sem se importar que está derretendo rápido demais e vai sujar toda sua camiseta branca. Alugue seu filme favorito e assista vezes sem conta, até decorar cada pequeno gesto do personagem. Observe as flores dançarem com o vento sua melodia silenciosa, enxergue além das cores do céu. Se deixe levar pela felicidade e diga o quão bela está sua vida e que jamais se permitirá ficar triste, mesmo que saibas da solidão que virá ao cair da noite. Deixe que te olhem, apontem e se contagiem com sua simplicidade. Mostre para quem quiser ver que a felicidade é uma dádiva que todos temos dentro de nós, só basta descobrir em qual gaveta ela se escondeu. Vá até seu restaurante favorito e divirta-se observando o comportamento das pessoas. Sinta-se feliz por se ter. Lembre-se todas as noites a beleza do dia anterior, e sonhe com o novo dia que chega. Quando estiver triste, saiba que jamais estará só. Se abrace, meu bem, se ame, se baste."
                                                                                                             [Gabriela Santarosa]

23 de outubro de 2011

“Pois é, te amo mesmo… talvez pra sempre.
Mas nem por isso eu deixo de ser feliz ou viver minha vida. Foda-se esse amor, e como você diria: foda-se você. Te amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. E, por fim, te amo até sem amor, como se isso tudo fosse tão grande, tão grande, tão absurdo, que quase não é. Eu te amo de um jeito tão impossível que é como se eu nem te amasse. E aí eu desencano desse amor, de tanto que eu encano. Pois ninguém acredita na gente, nem você. Mas eu te amo também do jeito mais óbvio de todos: eu te amo burra. estúpida. cega. E eu acredito na gente. Sabe, não é um sentimento egoísta e muito menos possessivo. É apenas uma saudadezinha. Gostosa, tranquila, bonita, saudável, de longe. E, quem diria: leve.” 
                                                                                                               Tati Bernardi

27 de setembro de 2011

Queria saber onde estão aquelas pessoas de verdade, que a gente não compra, mas também não vive sem. Aquele amigo que mudou para o outro lado do mundo mas você não pensa duas vezes antes de pegar o carro, o ônibus ou o avião e fazer uma visita. Só olhar para ele, sentar ao lado, ouvir a voz, faz tudo ficar mais feliz.Algumas pessoas simplesmente valem a pena. Queria saber onde é que está aquele tipo de namorado que você não veste para se exibir mas despe para provar só pra si mesmo o quanto é feliz. Que você não desfila ao lado, mas leva dentro do peito. Que você não compra, consome, negocia ou contrabandeia. Mas se surpreende quando ganha de presente da vida. Aquele tipo que você não usa para ser alguém e justamente por isso acaba sendo uma pessoa muito melhor. Não culpo pessoas, lugares e sentimentos que se vendem e muito menos me culpo por viver pra cima e pra baixo com minha sacolinha de degustações frugais. É o nosso mundo moderno cheio de tecnologias e vazio de profundidades. Mas hoje, só por hoje, vou sair de casa sem minha bolsa. Vamos ver se acabo conhecendo alguém impagável. 
                                                                                                                   Tati Bernardi

25 de setembro de 2011

Se valorize, se poupe, guarde a saia, rasgue a blusa, vista-se, despida-se, se despeça, chore, não grite por aquilo que te faz mal. O amor está fora de moda, desde que virou banal. O mercado está pra baixo (as ações, nem te conto, nem são mais apostadas) e nenhum Caio, Clarisse te faz mais acreditar. Mas esqueça menina, deixe, aposte, deixa a vida lhe levar (vida leva o desamor, por favor). Por que ainda dá pra acreditar, sem Clarisse, sem isse, sem as amigas pra poderem te falar. Que fulano não vale a pena, que a história é pequena, e que nunca deve-se entregar. Mas chega menina, a pessoa certa, sempre chega quando você gritar ‘chega’ pra toda esta gente que quer que você se perca, que não deixa você acreditar. Acredite menina, acredito nos milagres que o tempo pode te mostrar. Nas bruxarias, nas poesias, nas promessas que o amor ainda vai te dar. Ele chega, com chuva, com sorrisos, carinhos, fungadas, afagos, ombros, ouvidos, boca, poesia, restaurtantes italianos de segunda, telefonemas, cócegas, bilhetes cor-de-rosa. Grite, peça, arrisque. Cante um versinho de Heres Comes The Sun, o amor chega se você se entregar. Acredite nas histórias, esquece esta gente, se deixe levar.                   
                                                                                                Autor Desconhecido

19 de setembro de 2011

Sempre á procura

“Eu, como todo bom roqueiro, estou sempre perdendo palhetas. Não importa quantas a gente compra, enfia em todo e qualquer bolso de calça – elas nunca vão estar lá quando a gente precisa! Já aconteceu, inclusive, de eu subir no palco sem palheta pra tocar, tendo que passar pela situação improvável de pedir para que alguma alma caridosa da platéia me empreste. 
Eu, como todo bom ser humano, estou sempre perdendo oportunidades. Não importam as inúmeras vezes em que a gente dá com a cara na parede, tem momentos que parece que todos nós estamos viciados na tragédia, como se estivéssemos totalmente acostumados com aquela pilha de problemas indesejáveis, clamando por uma solução.
Eu, como todo bom romântico, estou sempre perdendo amores. Não importa tudo o que foi aprendido em experiências passadas. É que eu realmente não consigo me contentar com aquele pensamento de que “o amor é assim mesmo, vem com o tempo e a gente se acostuma”. Falem por vocês, pois eu não concordo nada com isso e sigo à procura. 
Mas quando a gente procura por uma palheta, ela parece sumir do nosso bolso, bem como as oportunidades que batem à nossa porta enquanto dormimos com a tevê em volume ensurdecedor. Com o amor não é diferente. No entanto, descobri que “procurar”, muito mais do que vestir a roupa de Indiana Jones e sair numa caçada enlouquecida pela pecinha que nos falta, é um estado de espírito. Eu estou aqui, sentado à frente do computador, no conforto do lar. Mas estou procurando. Procurando ser encontrado. E o que me deu a certeza de um final feliz é essa palheta que eu acabei de encontrar embaixo da almofada do sofá. Basta querer ser encontrado.”
                                                                                                                                              Lucas - Fresno